A recente votação da chamada PEC da blindagem escancara, mais uma vez, o abismo moral que separa representantes e representados no Brasil. O que se viu não foi apenas um arranjo legislativo de conveniência: foi a consagração da impunidade travestida de norma jurídica.
É tão vergonhoso o episódio que alguns deputados, após a enxurrada de críticas, correram para as redes sociais pedindo desculpas, como se a retratação digital pudesse apagar o voto dado no plenário. Essa atitude revela o tamanho da pressão popular e, ao mesmo tempo, a falta de convicção daqueles que, sem constrangimento, apertaram o botão do “sim”.
O problema não é apenas técnico ou jurídico; é ético. Trata-se de uma completa putrefação moral de setores da política nacional. Enquanto a sociedade clama por mais transparência, responsabilidade e coerência, assistimos a um espetáculo deprimente de autopreservação, em que cargos e privilégios se sobrepõem ao dever de servir ao povo.
Se há algo positivo a extrair dessa cena deplorável, é a reação indignada da sociedade. A pressão popular expôs que ainda existe uma consciência vigilante, capaz de constranger, de cobrar e de exigir coerência. O Parlamento, no entanto, continua insistindo em testar os limites da paciência coletiva.
A blindagem aprovada não protege a democracia, nem a ética, nem a instituição parlamentar. Protege apenas a si mesma – e, nesse processo, desmoraliza ainda mais uma instituição que deveria ser a guardiã da República.
No fim, fica a sensação amarga: estamos diante de um Parlamento que insiste em esquecer sua função essencial. E quanto mais se blinda, mais se isola da sociedade.
Como votaram os deputados federais mais votados em Dores de Campos:
Favor
Dr Frederico (PRD)
Domingos Sávio (PL)
Níkolas Ferreira (PL)
Luiz Fernando (PSD)
Contra
Reginaldo Lopes (PT)
Ana Pimentel (PT)
Aécio Neves (PSDB)
Ausente
Zé Silva (Solidariedade)
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