Semana Santa de Dores de Campos completa 110 anos de história

Spread the love

Conforme anotação em registros da Paróquia de Nossa Senhora das Dores, foi no ano de 1913 que celebrou-se, pela primeira vez as “Solenidades da Semana Santa” em Dores de Campos. Segundo relato do padre Job Truff ocorreu no Curato a celebração da Primeira Comunhão de quase uma centena de crianças, e a população católica de Dores de Campos ainda foi assistida com os demais sacramentos da Igreja. Nos anos seguintes, o sacerdote conseguiu a presença de outros padres e assim a Semana Santa foi evoluindo e aumentando a assistência. Em 1921 houve autorização do Arcebispo de Mariana para a celebração do Descendimento da Cruz, ocasião que o padre Luiz Maria Vidal realizou o Sermão das Sete Palavras. Ao analisar antigos programas da Semana Santa, observou-se que muitas das solenidades ainda ocorrem até os dias de hoje, iniciando-se com o Domingo de Ramos, onde havia a distribuição dos ramos e procissão retratando a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, neste dia ocorria também o depósito de Nosso Senhor dos Passos com procissão até a capela do Rosário.

A segunda-feira era marcada pela tocante procissão do Encontro de Nossa Senhora das Dores com o Senhor dos Passos. Um diferencial dos antigos programas era a “Quarta Feira de Trevas” onde muitas paróquias promoviam o “Ofício de Trevas”, cujo rito à luz de velas compreendia cânticos e preces entoados em latim retratando as trevas em que o Mundo caiu após a Morte de Cristo, em Dores de Campos neste dia era comum o sermão das Dores. A “Sexta Feira Santa” iniciava-se com o “Canto da Paixão” entoado por três sacerdotes e celebração da “Missa dos Pré- Santificados” durante a manhã. O Descendimento da Cruz e a solene procissão do enterro findavam as celebrações deste dia, onde recomendava-se absoluto silêncio. O domingo da Ressureição era marcado com toques festivos de sinos, celebração Eucarística e a procissão do triunfo, além da Imagem de Nossa Senhora de branco, pedia-se aos fiéis que enfeitassem suas residências e que se ajoelhassem ante a passagem do pálio com o Santíssimo Sacramento.  

Ao longo dos anos, a liturgia da Igreja sofreu alterações e alguns costumes foram abolidos, no entanto, a tradição católica ainda conserva muitos elementos que ainda engrandecem as celebrações como os cânticos “Populemeus” (Sexta Feira) e “Exultet” (Sábado Santo) entoados em momentos específicos das solenidades, assim como os sermões que trazem mensagens devocionais para os fiéis. As celebrações ainda são abrilhantadas com a participação das bandas de música executando peças sacras de compositores locais. Outra particularidade de Dores de Campos é famoso chocolate quente e pastel frito que são comercializados exclusivamente nesta época. De acordo com algumas pessoas mais idosas, essa tradição teria nascido na barraca do Gastão, onde foi construída a sede social do Dorense Clube na avenida Governador Valadares. O chão era de terra batida, e além do chocolate quente e os salgados fritos, também era servido um pão com molho de cebola.

Comentar

Seu email não será publicado. É necessário preencher os campos com * *

*