O padre João Rodrigues de Paula está preparando para implantar o Dízimo na Paróquia de Nossa Senhora das Dores conforme determinação do bispo da Diocese de São João Del Rei, dom José Eudes Campos do Nascimento. Atualmente, das 42 Paróquias da Diocese apenas Dores de Campos e Tiradentes é que ainda não possuem o dízimo. “Desde a minha posse, o bispo já havia comentado sobre a importância do dízimo. Durante a Novena da Festa de Nossa Senhora das Dores os padres convidados irão falar sobre a experiência do dízimo para a manutenção de uma comunidade religiosa”, destacou o padre João. Conforme a nossa reportagem apurou, o dízimo é uma determinação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e, mesmo que o padre Paulo tivesse continuado na Paróquia, deveria ser implantado da mesma forma.
A nossa reportagem teve acesso a um documento da CNBB, assinado pelo bispo de Santa Cruz do Sul do estado do Rio Grande do Sul, onde o religioso comenta sobre o “Dízimo Cristão” (leia abaixo):
“Caros diocesanos. Por solicitação de irmãos nossos, hoje vamos falar sobre o dízimo ou outras formas de colaboração equivalentes, normalmente entendida como aquela contribuição financeira e periódica que o cristão oferece livremente para a comunidade, à qual pertence e da qual participa, com o objetivo de ajudar a fim de que possa acontecer tudo o que envolve a evangelização na comunidade, razão de ser da própria Igreja, pois ela existe para evangelizar (cf. EN 14). O dízimo permite que a comunidade sobreviva, se mantenha, possa prestar seus serviços, consiga ajudar os necessitados, enfim, realize sua missão evangelizadora. Junto com a contribuição financeira, a comunidade precisa dos dons e talentos de cada membro, de seu envolvimento concreto e voluntário. Pensando assim, o dízimo é, antes de tudo, um compromisso de fé e de amor com a comunidade, em que assumimos nosso batismo como membros participantes e coerentes, onde vivemos o espírito da partilha e da doação, fundamentados no mandamento do amor, síntese de todo evangelho.
O dízimo é também um sinal concreto de amor e gratidão a Deus pelos dons que recebemos, sobretudo, pelo seu imenso amor que nos quer participantes de sua vida. Para ajudar-nos na reflexão, vejamos como escreve São Paulo aos Coríntios, ao motivar uma coleta em benefício dos cristãos de Jerusalém, em urgente necessidade: “É bom lembrar: ‘Quem semeia pouco também colherá pouco, e quem semeia com largueza colherá também com largueza’. Que cada um dê conforme tiver decidido em seu coração, sem pesar nem constrangimento, pois ‘Deus ama quem dá com alegria’. Deus é poderoso para vos cumular de toda sorte de graças, para que, em tudo, tenhais sempre o necessário e ainda tenhais de sobra para empregar em alguma boa obra” (2Cor 9, 6-8). Neste texto bíblico, como em outros, percebemos que o dízimo ou outras contribuições praticadas nas primeiras comunidades cristãs tornam-se expressão de um ato de fé, de gratidão, de amor a Deus e aos irmãos.
Pelo que vimos acima, o dízimo não pode ser confundido com pagamento de taxa de sócio, como se a Igreja fosse um clube ou uma sociedade, a qual existe apenas para prestar determinados serviços (sacramentos, enterros…) e muito menos ainda como se fosse uma instância para comprar as bênçãos de Deus, seus favores e milagres. Portanto, o dízimo não é imposto, pagamento ou taxa. A graça de Deus não tem preço e não pode ser comprada. Assim compreendemos que o dízimo é uma devolução generosa, um sinal de gratidão e partilha consciente e responsável, dentro do espírito do verdadeiro sentido de nosso batismo, quando nos tornamos filhos de Deus e irmãos dos outros. A atitude filial e fraterna da fé abre os corações dos fiéis e tornam a partilha um gesto normal e coerente; enquanto que atitudes egoístas e avarentas fecham os corações e consideram a partilha como algo difícil e até desnecessário.
Segundo o verdadeiro espírito do dízimo cristão, todo batizado é convidado a ajudar em sua comunidade, proporcionalmente com sua situação de vida; a contribuição dos pobres, por menor que seja, é também muito valiosa e importante, pois ninguém é tão pobre que não tenha nada a repartir; o que lembra a oferta da viúva, elogiada por Jesus no evangelho (Mc 12, 41-44). E quem tem mais recursos ajude generosamente na proporção de suas possibilidades. O dízimo não é imposição, mas ato generoso, coerente com a vida cristã, orientado pelo mandamento do amor, que Jesus nos deixou”.