Em um mundo tão carente de humanidade, foi preciso que um homem de batina branca, vindo do fim do mundo, nos lembrasse do essencial: a simplicidade, a compaixão e o amor pelo próximo. Papa Francisco não foi apenas o chefe da Igreja Católica. Foi um pastor de almas, um conselheiro silencioso, um incômodo necessário. Falou aos corações dos que perderam a fé, estendeu a mão aos marginalizados, escancarou janelas para que entrasse ar fresco em instituições velhas de poeira e silêncio. Ele nos ensinou que a fé não se mede por dogmas, mas por gestos. Que o verdadeiro milagre é enxergar Deus no olhar do outro.
Que a Igreja precisa sair às ruas, se sujar com o barro da vida real, e acolher, antes de julgar. Quantas vezes suas palavras — suaves, mas firmes — ressoaram mais alto que discursos inflamados? Quantas vezes seu sorriso contido trouxe mais paz que mil sermões? Francisco nos mostrou que santidade não é inatingível, é cotidiana: está no abraço que oferecemos, na escuta atenta, no perdão que damos. Hoje, ao nos despedirmos de um tempo que ele ajudou a transformar, fica um nó na garganta e um grito no coração: muito obrigado, Papa Francisco. Por ter escolhido o caminho mais difícil — o da ternura. Seu legado não é apenas eclesiástico; é humano. E, por isso, eterno.
Jornalista Ricardo Arruda
